Nossa história...

“Eu abro a nossa gira
Com Deus e Nossa Senhora
Eu abro a nossa gira
Samborê, pemba de Angola
A nossa gira está aberta
Samborê, pemba de Angola”

Nosso Templo teve início então, através da busca espiritual de nosso Pai Gedson por seu caminho. Nessa procura, encontrou nos fundamentos da religião os ensinamentos da FUGABC (Federação Umbandista do Grande ABC) e nos braços dessa instituição, concluiu em 2008 no 26º Barco de Formação Sacerdotal – Vovó Maria Conga, o curso de Formação Sacerdotal regido pelas Sagradas Leis de Umbanda.

Durante este trajeto, aproximadamente no início de 2005, teve seu primeiro encontro com a entidade, que sem ser de seu conhecimento, lhe daria todo o sentido espiritual.

Seu nome? Sr. Chico Preto (Baiano). Que segundo o Pai Gedson estava na primeira e única casa de Umbanda que frequentou, primeiramente como assistência e depois como médium, antes dos Sete Tronos Sagrados (TUSTSO).

Convidamos então à todos, para mergulharem nessa história, pelas memórias e relatos de nosso Pai, o próprio Gedson sob o olhar e lembranças dele, de sua Mãe e também Mãe Pequena por ele formada Jâina Moreira e por sua irmã e Mãe Pequena do Templo Juliana Moreira, ‘’cofundadoras e alicerces’’ (palavras de nosso Pai Gedson) de como tudo aconteceu…

Vamos começar falando daquela primeira casa, mencionada por ele, lá as giras eram sempre das sete linhas, onde se trabalhavam todas as entidades de qualquer das linhas de Umbanda que quisessem comunicar-se, foi então que numa dessas giras de desenvolvimento, (pois ambas aconteciam no mesmo momento: Gira Aberta à Assistência e Gira de Desenvolvimento) que Seu Chico Preto se manifestou, já chegou riscando o ponto (fundamento da religião) que serve também para confirmação do nome…

Palavras e memórias de Pai Gedson…

‘’Rápido e intenso… Senti, antes de sua chegada, algo como uma vertigem, uma sensação de desmaio, náusea… Uma cambono da casa, percebendo que se tratava de uma incorporação, pediu para que eu relaxasse, foi então que Seu Chico Preto incorporou, bateu a mão no chão (comportamento típico dessa linha) após isso se levantou colocou as mão cruzadas nas costas, postura que até hoje se repete, solicitou a cambono que percebeu sua chegada uma Pemba (espécie de giz ritualístico) e riscou o ponto que foi imediatamente confirmado pela entidade chefe dos Trabalhos, Seu Zé Pelintra que estava incorporado na Mãe daquela Casa, e por fim, falou firmemente seu nome… Chico Preto.

Foi desta forma que deu nosso primeiro encontro… A sensação foi muito forte… A rapidez com que se deu a comunicação com ele… Já era dono de si… Não houve espera… Desde o momento desta primeira incorporação Seu Chico Preto já sabia onde estavam suas ferramentas, foi pegando o coité (copo feito de casca de coco) e a sua bebida…(cachaça de coco), olhou novamente para a cambono, pediu permissão para falar, foi até Seu Zé Pelintra e se colocou a disposição para trabalhar…. Sempre foi assim, senhor de si, desde o primeiro momento. Hoje, permanecemos Seu Chico e Eu com essa mesma intensidade em nossa relação. Ele é Meu pai, no sentido mais natural dessa palavra, o meu norte, meu colo, meu abraço, minha escuta, minha bússola, mesmo hoje que apenas em datas especiais, nos acalenta com sua presença, e como um porto seguro nos abraça e encoraja a tudo que seja necessário realizar. Nossa casa deve muito do que somos e como trabalhamos a ele, a própria existência dos Sete Tronos Sagrados.’’

Foi ele o espírito que nos guiou nesse caminhada inicialmente, foi aquele que nos revelou o que seria necessário fazer, como e quando, foi Seu Chico, o “Veio Chico” como carinhosamente o apelidei, quem trouxe o nome da casa… Me recordo também como foi marcante, disse o Pai Gedson:

“…lembro que naquele dia abrimos uma gira para socorro as pessoas, como de costume. No final dos trabalhos estávamos entre 6 ou 7 pessoas, foi quando Seu Chico incorporado falou: Hoje nossa corrente tem 5 médiuns trabalhando, então hoje, quando eu voltar para Aruanda, vou subir à colina mais alta de lá, e gritarei aos quatro cantos que a partir de hoje, há mais uma tenda de caridade no mundo, a nossa casa, “OS SETE TRONOS SAGRADOS DE OLORUM”. Neste momento ganhamos nossa identidade Espiritual. Na gira seguinte já estávamos com mais assistência que de costume, mais pessoas a serem ajudadas, daí por diante até hoje, essa demanda só vem aumentando.’’

Palavras de Seu Chico Preto:

…“ainda que haja uma única vela para nós todos trabalharmos, não faltará luz na caminhada das pessoas que vierem atrás de ajuda”…

De lá pra cá, nunca faltou vela e nas palavras de Pai Gedson, recordando Seu Chico, “Enquanto houver vela, haverá trabalho… ainda que seja uma única vela… Ela será nossa luz, o farol para todos que vierem em busca de ajuda”.

Toda casa tem uma casa

Orientado espiritualmente por Seu Chico Preto, Pai Gedson soube da determinação espiritual sobre a necessidade de abrirem sua própria casa.

O Templo de Umbanda Sete Tronos Sagrados de Olorum teve início então num pequeno apartamento de 50m2, onde as pessoas ficavam na sala, sentadas no sofá ou em pé e por isso não era possível atender muitas pessoas.

A assistência acontecia na cozinha americana do apartamento, tínhamos que desmontar a cozinha para abrir um pouco mais de espaço para a gira. Permanecemos nesse espaço, com os trabalhos, por uns 3 ou 4 anos. Durante esse período, Dona Severina veio em terra para informar que deveriamos vender o apartamento, pois já estava no nosso caminho um lugar onde poderia ser construído o terreiro. A Cabocla Jurema (Mãe Juliana), com sua vela verde e amarela nas mãos, certa vez incorporada, disse que a Oca (casa) que encontraríamos e que compraríamos, teriam aquelas cores, e que o lugar onde ergueríamos o nosso Templo tinham as cores de sua Aldeia, neste momento já estavamos desistindo da busca, e essa informação veio para reforçar minha fé…(palavras de Pai Gedson)

Chegou então o ano de 2009, um ano de uma procura exaustiva, tendo em vista todas as circunstâncias e peso que aquela mudança faria em nossas vidas… Teria que ser um lugar com espaço para construir o terreiro… “parecia impossível…” mas não para minha mãe, Dona Jaina, que sempre dizia que, quando fosse o lugar, ela iria sentir.

Pai Gedson: ‘’Eu trabalhava próximo ao local que seria a nossa tão sonhada casa. Um dia, no jornal do bairro, vi que havia uma casa para vender, passei o contato para minha mãe, ela ligou para o corretor que a informou, que a casa já tinha uma proposta e inclusive esta, se encontrava em análise pelo banco para a finalização de contrato. Sendo assim, fomos ver outras casas, inclusive indicações dessa mesma Corretor. Em certo momento, já eu achava que não era real tudo aquilo, que eu poderia ter confundido as informações, ter me empolgado enfim… E dedico todo o mérito desta procura à minha mãe, que persistiu e não esmoreceu nenhum minuto se quer, frente a tantas dificuldades que enfrentamos e que ainda enfrentaríamos. Já havia se passado um bom tempo de buscas, quando o mesmo corretor entrou em contato com minha mãe avisando que a proposta da casa que ela havia pedido para ver meses atrás, havia sido recusada pelo banco e, o imóvel estaria disponível para a visitação. Combinaram de irem conhecer o local. Quando minha mãe parou em frente à casa, ela se deparou com o portão verde e a casa toda amarela! Veio à memória as palavras e a imagem da Cabocla Jurema com a vela de trabalho na mão! Os arrepios percorreram seu corpo e em seu coração a certeza de que a busca havia terminado… Quando entrou para ver o interior daquele espaço, viu que atrás da Garagem, que era construída existia um espaço vazio de de 5 x 25 para construção, exatamente como descrito pela espiritualidade, seguindo em frente e descendo outro pavimento do terreno viu que existia uma lavanderia, que seria provisoriamente o terreiro, quando foi adentrando o imóvel percebeu que janelas e portas também eram verdes, as paredes todas amarelas, minha mãe não teve mais dúvidas, aquele era o lugar… Ali seria o terreiro e sua próxima casa. Ela me ligou muito emociona e ansiosa para que eu visse o local, saí do trabalho as pressas e fui correndo ao encontro de minha mãe para ver a tal da casa. Desacreditei do lugar porque estava completamente destruída, rachaduras por todas as paredes, os inquilinos que lá residiam faziam relatos terríveis dos dias de chuva… – Essa é a casa, disse minha mãe. Vou mandar a proposta! Fiquei nervoso e angustiado, conversei com ela, questionando se tinha certeza que queria sair de um apartamento que estava com tudo reformado, quitado com tanto sofrimento, para ir para essa casa toda destruída e ainda entrar num novo financiamento, e ainda por cima sem saber se conseguiria vender o apartamento. Fato é que minha mãe estava determinada, mandou a proposta e quase que simultaneamente o apartamento foi vendido e pago á vista. Então já não tínhamos onde morar, os inquilinos precisavam de um mês para desocupar a casa e os novos proprietários do apartamento já precisavam que desocupássemos o imóvel para as reformas que pretendiam fazer antes de se mudarem. Então fomos todos para a casa de um primo ( um dos 5 médiuns a que se referiu Seu Chico) por lá ficamos durante quase dois meses, num lar pequeno e que ficou ainda menor com a nossa chegada.Quando tivemos a oportunidade de virmos para nossa casa fizemos apenas o básico para podermos entrar, assim que a casa nos foi entregue. Colocamos tudo o que foi possível em ordem do jeito e nas condições financeiras que dispúnhamos na época e viemos para cá. Nossa atual casa desde Dezembro de 2009. Mantivemos um amarelo e verde bonitos na casa, por algum tempo…No ano de 2015, iniciamos a construção do Templo como ele é hoje. A construção perdurou por quase 6 meses, também terríveis, mas essa é outra historia que deixaremos para outro momento, assim como a construção do nosso altar…

E então abrimos Templo novinho em janeiro de 2016, com a Festa de Oxossi…claro! Foi lindo, intenso e profundo, exatamente como aquele primeiro encontro com Seu Chico Preto.’’

Somos só Gratidão…

“Nos campos de batalha
Eu vi cavalaria
Gurreiros de Ogum
Bençãos da Virgem Maria

São Campos de Vitória
Justiça ao lutar
Chamei meu Pai Xangô
E também por Oxalá

Oponente não gostou
Tentou se aprimorar
Chamei por Atotô
E Oxóssi a batalhar

De longe vi um raio
Era Iansã a guerrear
Vi também mamãe Oxum
E Nanã a consolar

Demanda foi vencida
Estou vivo pra contar
SÓ TENHO A AGRADECER
AS FORÇAS DOS ORIXÁS”

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